A área social com pé direito duplo de quase 6 metros foi o ponto de partida para o projeto de arquitetura de interiores e decoração deste apartamento em São Paulo.
Com o imóvel de 200m2, recém-adquirido, porém ainda em construção, um jovem casal procurou o escritório e nos conferiu carta branca para a personalização completa do apartamento.
Ainda que a área social esbanjasse amplitude, o escritório tratou de anexar parte da varanda, também com pé direito duplo, para a criação de uma sala de jantar integrada ao retângulo principal da sala. A sugestão ia ao encontro das aspirações dos clientes, uma vez que a varanda original correspondia à quase metade de toda a área social e também, do ponto de vista estético, proporcionaria um living mais generoso do que o original. Menor, a varanda resultante, ainda assim, conseguiu abrigar um confortável estar e uma churrasqueira.
A cozinha, inicialmente isolada, passou a ser integrada com a máxima abertura possível à área social. A criação de uma ilha voltada para a sala, além de funcional, aumenta o convívio da família e surge como um apoio para refeições rápidas ou mesmo possibilita que amigos acompanhem o preparo de refeições.
O principal desafio do projeto foi trazer aconchego para a enorme área com pé direito duplo. Com precisão e cuidado na dosagem, a madeira é a protagonista da estrutura e a grande responsável por direcionar todas as demais escolhas. Vestir com madeira natural de forma equilibrada e sem exageros a “caixa branca” original trouxe ares de casa e afastou qualquer risco de impessoalidade ao projeto.
A madeira Cumaru, com bastante personalidade, é o destaque do projeto e isso é bastante claro logo na entrada do apartamento. O hall social, inteiramente revestido com esta madeira, conta com uma pérgula no teto que se desdobra em elemento vazado junto ao acesso do lavabo. A ideia, além de engenhosa, permite um respiro eliminando eventual ar claustrofóbico do pequeno espaço. Quando aberto ao living, através de uma porta de correr, a sensação ao se deparar com a amplitude do espaço e o contraste com as paredes brancas, causa surpresa a quem chega.
Se a estrutura já carrega bastante personalidade nos tons da madeira natural, para a decoração, Revollo assume correr riscos. Nela, ele não só enfatiza as tonalidades terrosas em tecidos e metais no tom do cobre, como acrescenta à paleta de cores um azul intenso através de um imenso tapete que emoldura o piso da sala principal. O que poderia ser excesso, aqui se torna prazeroso aos olhos já que o azul é diluído em função da amplitude e da oferta de paredes brancas.
Com decoração essencialmente contemporânea, a escolha foi por poucas e marcantes peças. Essa seleção contempla desde um ícone do móvel moderno como a mesa Pétala de Jorge Zalszupin, passando pela luminária oversize de Starck para a Flos, objetos consagrados de Tom Dixon, e também introduz peças de Lucas Recchia, jovem designer brasileiro.
Nos demais ambientes, tonalidades suaves de azuis, cinzas e beges amenizam a madeira Cumaru já que o pé direito deixa de ser duplo. Ainda assim é possível perceber um fio condutor, através da madeira e pinceladas terrosas em quase todos os ambientes, o que reforça a identidade única deste projeto.
